Wednesday, March 11, 2009

Estações








Foi como inverno a ausência que passei
de ti, que ao ir do ano és a alegria!
Que frio e dias negros suportei!
Que nudez de Dezembro em tudo havia!

E o tempo assim negado era de verão,
fecundo das colheitas que no outono
seus fardos de volúpia vernal dão,
como ventres viúvos, morto o dono.

Contudo essa abundância me surgia
como orfã prenhez só, frutos sem pais,
que o verão a seu prazer em ti se alia

e as aves quedam mudas se te vais.
Ou em seu canto triste as folhas tremem
pálidas, porque perto o inverno temem.


[William Shakespeare]

Rui Amaral Mendes, aqui e no Frágil

1 comment:

ram said...

Pode ser declamado? :)