Postais da Crise - Desatinos

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É dúbio o sentimento que me inspira o Carnaval. Gosto e não gosto de máscaras. Bem sei, são apenas adereços cómicos, objectos mágicos, paletas de cores e de feitios extra. Mas continuo sem me decidir - mascaram-se ou não as crianças? Se elas já vivem num permanente reino de momices, para quê colocar umas fatiotas enfadonhas por cima de tanta graça? Gosto mais de as ver num carnaval de desatinos, aos saltos e aos gritos na relva, imaginando-se a ser socorridas pela Kim e pelo Ron. Afinal, é o mesmo tipo de fantasia a que se entregam os adultos na ópera, onde se divertem com a cantoria e os enredos da Cármen e dos seus comparsas. Mas as minhas crianças estrangeiras, mandaram uma carta rogatória para o director cá de casa para que se ouvissem testemunhas na sua petição pró-máscara. E tive que me render. Pois sim! Vou mascará-las como gostarem. Já sei que nenhuma quer as roupagens de outrora, à limpa-chaminés, à vampiro, ou à trapalhona. Nã, vai ter que ser uma ‘coisa à séria’. Praí um presidente, um banqueiro ou uma procuradora. Maria João