Postais da Crise - Eclipse

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Sem anunciar, a crise atacou todo o espaço visível e invisível. O pessoal foi apanhado desprevenido e ficou cego, surdo e mudo. A comunicação foi-se. Eclipsou-se. Quando regressar, nada estará no mesmo lugar. Na escuridão informática, baralharam-se os Ctrl de todos os abcedários. Reset e nada! Ctrl T e népias! Ctrl Z e tudo na mesma. ¡ Horror ! O pessoal perdeu o norte e até o nascente deixou de aparecer. Sumiram-se todas as afirmações e negações, num ocaso virótico. Murchou o impulso fulminante, foi-se o instante desejado. Para os papéis, foi um regalo. Para o fumo também. Voltaram as cartas e o mensageiro a cavalo. Iáahuh ! iup ! iup ! - Aqui tem, Senhor! - Que me traz Vossemecê? - Uma carta com o lacre intacto, como pode verificar. Foi o mais rápido que consegui chegar. - Ah… ela ama-me… que felicidade… para a animar, vou lançar uns fumos para o ar, em forma de coração com uma seta. - Oh, ele também me ama… vou já preparar o leito… não vai demorar a vir-se. Que simples é a felicidade no mundo real. Maria João