Sunday, May 3, 2009

Canto





















Antes que perca a memória
das pedras do adro,
antes do corpo ser
um só e quebrado
ramo sem água,
devolvei-me o canto
rouco
e desamparado
do harmónio na noite.
Mãe!,
desamparado na noite.
 
[Eugénio de Andrade]

Rui Amaral Mendes, aqui e no Frágil

3 comments:

ram said...

Acha o poema, na sua essência primacial, verdadeiramente triste?

Ana said...

Antes que o tempo se acabe
No fim do começo
Antes do triste lembrar-me ou
Perder-me no esqueço
Folha sem vento
Encontrai-me na selva louca e ensolarada
Da cidade perdida
(inspirado no teu)

yulunga said...

Tenhamos a idade que tivermos, soa-me melhor.